Conheça o polietileno de alta densidade e suas propriedades

Conheça o polietileno de alta densidade e suas propriedades

A estrutura do polímero influencia diretamente as propriedades do plástico: sua densidade, grau de cristalinidade e resistência, por exemplo. Esse fato, se relacionado ao polietileno de alta densidade (PEAD) é ainda mais evidente, já que apenas uma diferenciação de ramificação faz distingui-lo dos outros tipos do mesmo material.
Tais tipos são conhecidos como polietileno de baixa densidade (PEBD), linear de baixa densidade (PELBD), de ultra-alto peso molecular (PEUAPM) e o de ultrabaixa densidade (PEUBD).
Dessa forma, por meio de pequenas diferenciações, foi criado o PEAD. Esse material foi desenvolvido com a intenção de formar um combustível líquido, porém acabou originando o polietileno de baixa densidade e, apenas após alguns estudos, chegou-se a composição e características que conhecemos hoje.
Ficou interessado no assunto? Neste artigo vamos falar um pouco mais sobre esse composto, o polietileno de alta densidade. Continue a leitura e confira!

O que é um PEAD?

O polietileno de alta densidade é formado por uma cadeia C2H4 ou CH2, em que carbonos e hidrogênios passam por um processo de polimerização com catalisadores (Ziegler-Natta ou Phillips) utilizados sob pressões entre 10 a 15 atm. e temperaturas de 20ºC a 80ºC em meio de hidrocarbonetos parafínicos, compostos alquil-alumínio e sais de Níquel, Cobalto, Zircônio ou Titânio que ativam sua reação.
Sua estrutura de cristalização, que ocorre de forma linear e não por ramificação em longas cadeias, confere características de densidade e resistência maiores, principalmente a ácidos e solventes.

Onde ele é utilizado?

É um composto muito utilizado:

  • na área hospitalar;
  • para o armazenamento de alimentos;
  • em embalagens;
  • na construção civil;
  • em geomembranas, na forração de aterros sanitários para proteção ambiental;
  • na fabricação de artigos pirotécnicos;
  • na composição da madeira plástica confeccionada a partir de plástico reciclado;
  • em paletes plásticos para evitar a contaminação cruzada de produtos perecíveis com o ambiente.

Quais as principais características do PEAD?

É um dos materiais mais utilizados pelo seu custo-benefício. Oferece dureza, resistência térmica, mecânica e química, é atóxico, leve e de fácil corte (área lisa). Podemos destacar ainda, algumas especificidades como:

  • densidade entre 0,940 g/cm3 e 0,970 g/cm3;
  • índice de refração de 1,54;
  • temperatura de fusão entre 128°C a 135°C;
  • temperatura de fragilidade entre -140°C a -70°C;
  • condutividade térmica entre 0,46 W/mK e 0,52 W/mK;
  • calor de combustão de 46,0 Kj/g.

Quais são os tipos de polietileno?

Além do PEAD, que pode ser processado e moldado por sopro, extrusão e injeção, existem 4 tipos de polietileno:

Polietileno de baixa densidade

Pode ser processado por sopro, extrusão ou injeção, muito utilizado na fabricação de embalagens alimentícias (sólidos e líquidos), industriais, agrícolas, farmacêuticas e hospitalares, alguns brinquedos, utensílios domésticos e revestimentos de tubos e mangueiras.

Polietileno linear de baixa densidade

O PELBD possui elevada capacidade de selagem em altas temperaturas, muito utilizado por supermercados em embalagens de alimentos, em filmes industriais, fraldas descartáveis, absorventes higiênicos, lonas, brinquedos, produtos farmacêuticos e hospitalares.

Polietileno de ultra-alto peso molecular

Apresenta-se em forma de pó, para ser prensado e utilizado na indústria alimentícia, química, farmacêutica e de mineração para fabricação de itens como perfis, guias de desgaste, roletes para esteiras, produtos médicos, entre outros.

Polietileno de ultrabaixa densidade

Seu principal uso é como resina modificadora.

Quais são as principais aplicações do PEAD no mercado?

PEAD na construção civil

O polietileno de alta densidade é mais vantajoso em relação ao PVC e a outros materiais devido a:

  • sua resistência mecânica por altas pressões, suportando cargas verticais;
  • solda facilitada;
  • durabilidade relacionada ao impacto, ataque químico e abrasão;
  • vida útil longa (50 anos);
  • eficiência hidráulica, já que um tubo liso proporciona fluxos superiores;
  • fácil instalação conferida pela sua leveza, inclusive no manuseio;
  • flexibilidade;
  • capacidade de adaptação;
  • segurança por meio de articulações facilmente soldadas.

Além disso, algumas dessas características possibilitam uma alta performance na produção industrial de tubos em detrimento do PVC. Seu uso é incluído ainda em tubulações de gás e de mineradoras.

Produtos mais comuns feitos com Polietileno de alta densidade

O PEAD é utilizado na fabricação de garrafas de bebidas não carbonatadas, tambores, reservatórios de combustível para carros, brinquedos, utilidades domésticas, embalagens de produtos químicos, recipientes de detergentes, cloro e ácidos, caixas, tubos de água e gás, dutos de irrigação, drenagem e esgoto, tubos corrugados, canos condutores de cabos elétricos e de telecomunicações, mesas e cadeiras dobráveis, sacos plásticos, base de morteiros, entre outros itens.

Quais as vantagens de se utilizar o Polietileno de alta densidade?

Além da facilidade de aquisição e quanto à reciclagem, ele não oferece riscos associados ao Bisphenol-A, que causa problemas ambientais e de saúde à população.
Suas vantagens são mantidas em algumas aplicações em comparação com vidros, metais e madeiras do tipo compensado, principalmente pelas suas características, que oferecem mais flexibilidade ao mercado.

Como é o processo de reciclagem do PEAD?

Produtos feitos a partir de polietileno de alta densidade oferecem maior impacto ambiental, já que não são rapidamente biodegradáveis na natureza. Apesar disso, podem ser facilmente reciclados por empresas que desejam otimizar a sua gestão financeira e a sustentabilidade do seu negócio.

Características da reciclagem

  • não existe restrição para a reciclagem do PEAD;
  • ocorre principalmente do reaproveitamento de embalagens plásticas, bombonas e sacolas;
  • oferece alta performance, já que demanda 1,75 kg de petróleo para a fabricação de 1 kg do material;
  • seu símbolo de reciclagem é o número 2.

Dificuldades no processo de reciclagem

No processo de reciclagem do PEAD não pode haver a mistura desse material com o polipropileno, além de demandar cuidados especiais por dois fatores:

Separação

Dificultada pela existência de diversos tipos de materiais, com características altamente distintas, verificadas pelo tamanho da embalagem, peso, densidade e morfologia específica.
Dessa forma, o processo de reciclagem é dificultado, já que no momento da separação são avaliadas a estrutura molecular e a morfologia do produto, o que caracteriza muitas vezes o descarte, pois não pode originar nada específico.

Adição de silicone

A adição de silicone para vedação na construção civil também oferece outra desvantagem preocupante na reciclagem do PEAD. Como a bisnaga em que o silicone é armazenado é descartada junto com o restante de material, quando são recebidos nas empresas de reciclagem a separação também é dificultada. Durante o seu processamento essa diferença de origem não é percebida, mas o resultado final não é tão bom.

Como é caracterizada a reciclagem de PEAD no Brasil?

Há oportunidades significativas para o Brasil quanto a políticas públicas, por meio de iniciativas, como a extinção da tributação na coleta e no reprocessamento de plásticos, por exemplo, cuja cobrança onera toda a cadeia no Brasil.
Por outro lado, novas tecnologias implementam eficiência no setor: um exemplo disso são as embalagens feitas com o “Polietileno Verde”, desenvolvido a partir da cana de açúcar.
Essa tecnologia é imprescindível para justificar o uso do polietileno de alta densidade, já que ela pode ser produzida por fonte renovável que gera um insumo 100% reciclável.
Além disso, muitas empresas começaram a utilizar essa matéria-prima verde, cujo etileno é oriundo de uma fábrica de bioetanol brasileira, em detrimento de produtos PET, altamente poluidores.

O polietileno de alta densidade é amplamente utilizado no mercado pela sua versatilidade, mas esse uso deve ser justificado por medidas sustentáveis, por meio da adoção de insumos plásticos reciclados, oriundos do pós-consumo.
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