Reciclagem do plástico: como funciona e quais seus benefícios?

Reciclagem do plástico: como funciona e quais seus benefícios

Reciclagem do plástico: como funciona e quais seus benefícios?

A reciclagem de plástico é um processo que cresce acompanhado pela necessidade de destinação de resíduos de processos produtivos e de consumo da população.
Com o aumento da conscientização dos clientes em relação à prevenção e à recuperação ambiental, promovidas pelo reuso, pela redução e pela reciclagem, as empresas passaram a tratar a utilização do plástico como vantagem competitiva e, ao mesmo tempo, como um gargalo que gera agressão ao meio ambiente quando não é feita sua destinação de forma consciente ou quando não são utilizados plásticos reciclados. Logo, a reciclagem é uma solução real para esse problema.
Abordaremos, neste post, informações sobre a reciclagem de plástico, de forma geral e específica, considerando os seus tipos, os benefícios e as vantagens que podem ser percebidas pelas empresas. Confira!

Como surgiu a necessidade de reciclagem de plástico?

Os plásticos são materiais obtidos principalmente de resinas sintéticas derivadas do petróleo — propeno, eteno, butadieno, benzeno, xileno, tolueno, entre outros.
Esses monômeros se fundem e formam os polímeros, longas cadeias que conferem as propriedades e especificidades de cada tipo de plástico, em um processo chamado de polimerização.
A sua utilização foi potencializada na indústria pela sua resistência, principalmente na produção de embalagens, mas eles apresentam outras características que justificam o seu uso:

  • são isolantes térmicos e podem reduzir o consumo de energia;
  • são impermeáveis, o que evita a contaminação por fungos e bactérias;
  • podem ser maleáveis ou de extrema dureza, o que os torna úteis em diversas aplicações.

Nas empresas, a substituição de componentes mais caros e de difícil acesso, devido à sua escassez, pelo plástico, possibilitou uma economia de escala e a redução de custo de produção, acarretando vantagem competitiva no mercado.
Sua larga utilização no processo produtivo, porém, despertou uma consciência ambiental por parte, principalmente, dos consumidores, pois as mesmas características que permitem a percepção de vantagens pela utilidade também determinam uma das suas principais desvantagens: ele não é facilmente degradado pelo meio ambiente, gerando, com isso, a necessidade de reciclagem de plástico.

Quais são os benefícios da reciclagem?

Social

Muitas pessoas e comunidades têm renda gerada por meio da coleta e a produção de artigos de plástico reciclado.
Existem cooperativas que amparam esse trabalho e garantem o mínimo de dignidade àqueles que se dedicam a essa função, o que diminui índices de desemprego nessas regiões.

Econômico

Além da geração de novos postos de trabalho, com a conscientização das pessoas sobre a importância do reaproveitamento, o lucro advindo da reciclagem proporciona um desenvolvimento sustentável com as cadeias de fornecimento sendo estimuladas com seus mercados, propiciando, assim, um crescimento regional em totalidade.

Ambiental

O descarte de plástico no meio ambiente, por sua degradação lenta, cria problemas, como a ocupação de grandes espaços, a dificuldade de decomposição de outros materiais orgânicos, os entupimentos de valas e bueiros — que causam enchentes —, a poluição visual e o impacto altamente destrutivo em ecossistemas marinhos.
Com tantas consequências maléficas para o meio ambiente, a reciclagem de plástico é essencial para a manutenção da vida no planeta.

Quais são os requisitos e as categorias de reciclagem?

Os plásticos para reciclagem podem ser oriundos de processos pós-industriais, como aparas e refugos de processos de produção e transformação ou do pós-consumo, quando descartados pelos consumidores após o uso em suas casas, por exemplo.
Mas um dos maiores empecilhos para a reciclagem no mundo é a grande variedade de tipos de plásticos. Os plásticos recicláveis são os que se submetem ao calor e amolecem para serem remoldados. São exemplos os potes, as garrafas e as vasilhas de utilidade doméstica, sacolas, embalagens de alimentos, tubulações, entre outros.
Mas existem também os plásticos que não podem ser reciclados, os chamados termofixos ou termorrígidos, ou seja, o seu excesso de rigidez e resistência não permitem alteração sob aplicação de calor. São exemplos desses materiais os cabos de panela, pratos, botões de rádio, canetas, bijuterias, espuma, embalagens a vácuo e fraldas descartáveis.

Quais são os processos de reciclagem?

Reciclagem mecânica

A reciclagem mecânica consiste em transformar plástico descartado pelos processos pós-industriais ou no pós-consumo em grânulos (pellets) que serão reutilizados como matéria-prima para a fabricação de novos produtos, em um processo chamado revalorização pelas indústrias de transformação.
Nesse processo de revalorização são produzidos materiais como sacos de lixo, solados de calçados, materiais para a construção civil, cordas, cerdas de vassouras e escovas, mantas para impermeabilização de aterros, entre outros.
Além disso, os plásticos reciclados podem ser utilizados como material para a produção de masterbatch, composto aditivado com cores, balanceadores e outras substâncias em alta concentração para serem usados no processo de coloração na fase de transformação plástica.
Esse método de reciclagem abrange algumas etapas que descreveremos a seguir.

Separação

A coleta seletiva é precursora da separação, que ocorre para selecionar os diferentes tipos de plásticos, conforme reconhecimento pela numeração padronizada de identificação (dentro do triângulo), que apesar de não ser obrigatória, facilita muito esse processo, ou pelo aspecto visual do material.
Além disso essa etapa abrange a separação dos rótulos e tampas de garrafas, produzidos com tipos de plásticos diferentes da embalagem (se são metalizadas ou se possuem outro tipo de acabamento), insumos de cores que não se misturam, como o vermelho dos recipientes de ketchup e os produtos que são compostos por mais de um tipo de monômeros.
Por ser uma etapa comumente manual, a sua eficiência depende exclusivamente da prática das pessoas que a executam, sendo o material oriundo da coleta seletiva mais limpo que o proveniente dos aterros sanitários.

Fragmentação ou moagem

Essa etapa é realizada em um moinho, que os fragmenta para reduzir o seu tamanho e facilitar o restante do processo.

Lavagem e segmentação

Esses fragmentos menores, chamados de flakes, são lavados com água e aditivos para a retirada dos agentes contaminantes que inviabilizariam a qualidade após a extrusão.
Essa água utilizada, chamada de efluente, deve receber um tratamento para a sua reutilização ou mesmo ser lançada novamente na natureza a fim de que não prejudique o meio ambiente.
Nessa fase também acontece uma separação por segmentação, ou seja, materiais com densidades mais altas são depositados no fundo dos recipientes (decantação) e os mais leves se mantém na superfície (flotação), sendo feita de acordo com as densidades relacionadas à água;

Secagem

Durante a secagem, os flakes são depositados em secadoras com circulação de ar quente.

Aglutinação

Além de complementar o processo de secagem, nessa fase o material é compactado, pois seu atrito contra a parede do equipamento rotativo provoca uma pequena elevação da temperatura e forma uma massa plástica no qual são incorporados o masterbatch, aditivos e/ou pigmentos.

Extrusão

Após a aglutinação o material é encaminhado para a extrusora, máquina responsável pela pré-homogeinização, fusão da massa plástica por aquecimento e atrito, formando filamentos contínuos que, posteriormente, são resfriados e embalados. Em seguida, esses filamentos são cortados em um granulador e assumem a denominação de pellet.
Um entrave para esse processo é a grande heterogeneidade de características de resíduos plásticos. Por esse motivo, existem outras formas de reciclagem.

Reciclagem química

Mais elaborada que a anterior, ela transforma, por meio de processos químicos, o plástico em matéria-prima para a criação de produtos de elevada qualidade. É mais cara, não requer uma triagem muito minuciosa, pois permite a mistura de vários plásticos, rótulos e outros materiais, mas precisa ser feita em grande quantidade para ser economicamente viável.
Nesse processo, os plásticos são transformados em material petroquímico básico para ser utilizado como insumo em refinarias. Seu principal objetivo é recuperar os monômeros para reutilizá-los na produção de novos plásticos.
Entre seus processos, destacam-se:

  • hidrogenação: as cadeias poliméricas são quebradas por meio de hidrogênio e calor;
  • gaseificação: o material é aquecido e adicionado oxigênio, mas a síntese resulta ainda em monóxido de carbono e hidrogênio;
  • quimólise: a quebra do plástico em monômeros é feita na presença de glicol/metanol e água;
  • pirólise: feita pela ação do calor, mas na ausência de oxigênio. A síntese resulta em frações de hidrocarbonetos.

Reciclagem energética

Esse tipo de reciclagem é utilizada somente quando esgotadas todas as possibilidades de reuso e reciclagem mecânica. Consiste em utilizar a energia calorífica oriunda de um processo térmico ou elétrico, por meio da incineração do plástico, ou seja, o material se transforma em combustível.
É um processo cujo calor é recuperado na própria caldeira, com utilização do vapor para produção de energia e distingue-se da incineração tradicional pois, nessa não ocorre o reaproveitamento da energia produzida pela queima dos materiais.
A energia produzida por 1 kg de plástico é equivalente à de 1 kg de óleo combustível. Como resultado do processo, que reduz de 70 a 90% da massa plástica, além da energia é produzido um resíduo inerte esterilizado.
A consciência de existência de uma nova matriz energética cria possibilidades e alternativas que não agridem o meio ambiente para a geração de energia, já que reduz o uso de combustíveis fósseis, economizando recursos naturais.
Apesar de ser amplamente difundida no exterior, sendo realizada em diversos países da Europa, EUA e Japão, por meio de equipamentos de alta tecnologia que controlam com eficiência e segurança a emissão dos gases que poderiam causar riscos à saúde das pessoas e ao meio ambiente, sua aplicação é inviabilizada ou muito pouco aproveitada no Brasil.

Quais são as vantagens da reciclagem para as empresas?

Afinal, a reciclagem de plástico ou a aquisição de produto advindo desse processo é viável para as empresas? Citamos alguns motivos que justificam essa viabilidade. Veja!

Crescimento com base em sustentabilidade ambiental

A utilização de recursos de forma inteligente e a reciclagem de plástico no âmbito industrial podem ser apresentadas como uma solução competitiva, pois, com a adequação de processos que atendam a essa demanda, os custos são reduzidos: insumos são poupados, resíduos do processo produtivo são reutilizados e, consequentemente, ocorre a diminuição do desperdício de matéria-prima.

Economia na gestão de cidades

Com o crescimento da população, o lixo produzido também aumenta. Dessa forma, a reciclagem de plástico beneficia também a gestão pública, por meio da diminuição de despesas com:
  • limpeza urbana;
  • tratamento de doenças causadas por vetores presentes em locais com grande acúmulo de lixo;
  • controle da poluição em ambientes urbanos;
  • construção de aterros sanitários;
  • remediação de áreas degradadas.

Redução nos gastos com matéria-prima virgem

O plástico resultante do processo de reciclagem é aplicável em diversos segmentos e pode ser utilizado na fabricação de brinquedos, artefatos domésticos, madeira plástica para a indústria moveleira, cerdas, vassouras, escovas e outros produtos que utilizam fibras, como sacolas, material para a construção civil e todo tipo de embalagem que não mantenha contato direto com alimentos e fármacos.
Essa infinidade de aplicação reduz despesas também com insumos virgens, utilizados na produção desses mesmos itens, além do consumo de recursos para a sua produção, como água e energia elétrica.
Essa substituição de insumos, em outros casos, viabiliza a troca de produtos escassos por plástico reciclado, o que também diminui o custo por produto, já que ele é mais barato e de fácil acesso. Isso ocorreu, por exemplo, na indústria automobilística, com a substituição de materiais metálicos por itens plásticos mais leves e baratos.

Redução do consumo de energia

A fabricação de plástico reciclado pode economizar energia elétrica desde o início do ciclo de produção: da exploração da matéria primária até a formação do produto. Além disso, reduz o consumo de petróleo, fonte de energia não renovável e esgotável — 1000 kg de plástico reciclado evita o uso de 130 quilos de petróleo.

Conscientização dos clientes

Outra grande vantagem competitiva para empresas que utilizam produtos oriundos de reciclagem é poder mostrar ao cliente que ele também contribuirá para o meio ambiente se adquirir um produto cuja produção está de acordo com a responsabilidade ambiental.

Como garantir sustentabilidade no ambiente organizacional?

Empresas e pessoas produzem, juntas, muito mais volume de resíduo plástico que o meio ambiente pode suportar.
São necessárias ações que interfiram nesse processo e agreguem mais valor à utilidade do plástico no cotidiano humano, sem que, para isso, a poluição e outras consequências maléficas tenham que ser aceitas.
A solução para esse problema já existe: a reciclagem de plástico é uma realidade que deve ser imposta pela sociedade e trabalhada pelas empresas.
O começo de tudo, porém, está em nossas casas: fazer uma coleta seletiva do lixo não só facilita o processo de reciclagem, como também desperta a consciência dos maiores beneficiados por ela — nós, seres humanos.
Agora que você sabe quais as vantagens da reciclagem de plástico para a sua empresa e comunidade, que tal assinar nossa newsletter e receber conteúdos exclusivos sobre esse método também tão benéfico para o planeta?

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